Numa FNAC, algures sul, não conseguia encontrar um livro específico (degradante, para uma pessoa como eu) e lá fui perguntar ao rapaz de óculos de ângulos rectos que se encontrava empoleirado numa pata de elefante a arrumar livros de direito. O rapaz, simpático, encontrou o livro que queria sem grande dificuldade (estava atrás de outros, num sítio onde andei a ver, vergonha) e eu não pude deixar de demonstrar o meu espanto com o facto de não terem nenhum destaque às obras do Herberto Helder, nem sequer na poesia. A resposta dele foi sintomática: "ah, ainda não recebemos qualquer ordem lá de cima". E assim vai uma das maiores cadeias de livrarias (?) do país: um local onde morre o maior poeta vivo e não há qualquer homenagem à sua obra (eu já para nem falo de estarem a perder vendas...). Claro que mesmo que um dos livreiros se lembrasse de o fazer provavelmente seria admoestado por isso, agora cá a pensar pela própria cabeça, onde é que já se viu.
Sem comentários:
Enviar um comentário